terça-feira, 18 de maio de 2010

Não é o prédio que tá caindo...

Será que a boa música realmente está dando adeus à nossa geração? Ou será que a nossa geração é que não está dando o valor que a boa música merece? Na verdade, eu não gosto do termo "boa música". Acho um termo falho. Não existe música boa ou música ruim, existe música inadequada. Imagine usar o mesmo tempero em todos os pratos: seria meio enjoativo, não?! A vida é como um banquete, cada momento se apresenta como um prato a ser apreciado... A música entra como o tempero. Pra cada prato, um tempero que combine. Para cada momento, uma música. Se você está feliz, o ideal é ouvir coisas alegres, mesmo que bobas; se você está triste, não vai querer sair por aí quebrando até o chão... E assim por diante. O problema, na minha singela opinião, é justamente a pobreza de realidade que a nossa geração está vivendo, não estou falando financeiramente - até porque a gente não vive uma distribuição de renda igualitária pra poder generalizar -, falo socialmente, falo das necessidades, dos anseios, das lutas... Enquanto o prato do egoísmo e da futilidade está sendo degustado por todos e repetidamente, o prato do protesto, da luta, do social, da juventude, está no cantinho, cheio de moscas... E enquanto ele fica lá, esquecido, seu tempero não é provado... Alguns ainda se arriscam a temperá-lo, afinal, não se deve deixar um prato tão caro, tão difícil de ser preparado, sem tempero... Mas pobres cozinheiros esses, a comida deles ninguém prova, do seu tempero ninguém fala, ninguém aparece em sua cozinha para falar de como eles cozinham bem... E fica parecendo até que eles nem existem... Volta e meia algum corajoso resolve provar aquele prato esquecido... E como o cozinheiro se ilumina... E então essa pessoa gosta e indica o prato para outro amigo, até que um dia, quem sabe, esse tempero volte a ser apreciado pela grande massa... Você pede o prato que sente vontade de comer, a nossa realidade molda nossos momentos... Nossa realidade, infelizmente, sugere o individualismo, a preocupação com o próprio nariz em detrimento de preocupações políticas, de preocupações sociais... E isso só nos faz ter vontade de comer aqueles pratos, aqueles que não são ruins, mas que já estão saturados, que a gente come em demasia talvez por já ter se acostumado, aqueles que nos fizeram esquecer de como podem ser saborosos os outros temperos... Então fica assim.... "Não é o prédio que tá caindo, são as nuvens que tão passando..."

8 comentários:

  1. Pois é Lai... concordo que não existam músicas boas ou ruins, apenas músicas inadequadas! Porém hoje em dia temos muitos "chefes" criando temperos de qualidade duvidosa, se aproveitando da alienação da juventude de hoje em dia e com isso os chefes de qualidade ficam looonge da visão (e pq não do "paladar") da grande massa. Sinto saudade de ouvir uma boa música, com letra com algum significado. Ouço todas essas músicas sem muito sentido e até as danço... mas as trocaria, sem hesitar, por uma canja sua no voz & violão =)
    Beijãão

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  2. É verdade... Mas pra cada tempero de qualidade duvidosa, tem alguém com gosto de qualidade duvidosa... kkk... Então acaba sempre dando na mesma... Qualquer dia a gente junta pra fazer essa roda de viola! =D

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  3. Fato. É triste viver numa sociedade assim, mas é a realidade do brasileiro.

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  4. É, de fato não havia pensado desta forma antes, não existe musica ruim, existe musica adequada para determidado ambiente. e sua analogia aos temperos foi genial. Mas verdade seja dita, as musicas de antigamente são mais, digamos empolgantes do que as recentes, não estou desmerecendos os novos compositores, mas até mesmo os compositores da velha guarda como chico buarque caetano gil e outros faiam musicas melhores antigamente, acho que isso tudo é influencia do periodo que viviam. Digo isso por conhecimento de caso, o poeta produz mais quando está sofrendo, e antigamente eles sofriam com a censura, acho que isto colabora com as grandes obras musicais que foram escritas naquele tempo.

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  5. "o poeta produz mais quando está sofrendo" vim ler os comentários e não podia deixar de comentar isso... resumiu MUITO BEM a diferença dos compositores de antigamente com os de agora: Sofrimento!!
    Os de hoje compõem sem motivo, sem estar "sentindo" o que suas palavras dizem. Fazem pensando em vender, pensando na mídia. Não fazem para expressar suas emoções. Essa é a grande diferença e o motivo por gostarmos mais das musicas e compositores antigos.

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  6. É justamente disso que eu tava falando... A "comida" a ser pedida, o "tempero" a ser usado, só refletem o momento que a gente tá passando... Infelizmente nosso momento é mais pra restart que pra tropicália.

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  7. pois eh... e isso eh uma puta falta de sacanagem! kkkkkkkkkkkkk

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  8. Rapaz...há tempos eu não leio nada na internet sobre música contemporânea com uma analogia tão feliz...Parabéns!

    Tentando contribuir, acho que o que estamos vivendo hoje é uma homogeneização da musicalidade através da tentativa frustrada de originalidade. Explico: surge o EMO-core como algo inovador (note-se: ser novo ou velho não torna nada melhor ou pior), a juventude em massa adere ao movimento. Nova mudança. Sugem os "coloridos" e a massa adolescente se transforma em arco-íris e assim sucessivamente.
    Na boa, não há mais senso crítico! Basta passar na MTV e a moda pega.
    Quanto às músicas antigas, creio que são realmente mais bem feitas do que a grande parte das atuais, mas o tempo se encarrega de filtrar as melhores composições, deixando as outras no esquecimento. Talvez por isso no apeguemos mais às antigas.

    Vlw!

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