quinta-feira, 2 de junho de 2011

Me atinge da melhor maneira...

Este post poderia ser feito de uma maneira toda diferenciada. Eu poderia fazer um post inteiro de citações... Citações prediletas, citações confusas, citações geniais... Eu poderia também fazer um post sonoro, um post onde tivesse apenas um player, com solos, com gaitas, com onomatopeias... E ainda assim eu não conseguiria descrever Vanguart. 
Ah! Vanguart. Que delícia de som... À primeira vista pode parecer louco (como assim "só acredito no semáforo?!"), mas aí chega aquele dia, que você descobre aquela mentira... Que você toma aquele susto, e aí, repentinamente, você se pega pensando: "É, só vou acreditar naquilo que é concreto... Agora só acredito no semáforo, só acredito no avião, eu acredito no relógio... Eu só acredito..." 
É assim que você se toca do quão genial é Vanguart... E assim foi comigo... Em um blog qualquer me deparei com alguém falando de um som gostoso de ouvir... Na verdade acho que tava procurando algum motivo pra falar mal de Mallu Magalhães (sim, esse é um dos meus passatempos prediletos) e, por acaso, tinha um dueto com eles (onde ela toca gaita terrivelmente, pra variar) e resolvi baixar o cd pra conhecer. Foi amor à segunda vista... Eu tenho o costume de escutar pelo menos duas vezes alguma coisa antes de achar ruim, me conheço e sei que faz parte de mim não gostar de cara de uma coisa e depois me apaixonar, de modo que, quando penso que algo é ruim, coloco pra tocar novamente, até descobrir o porquê daquilo me doer os tímpanos (sim, eu fiz isso com Restart, e foi um dos meus maiores arrependimentos, amplifiquei a dor.). Com Vanguart não foi diferente. Da primeira vez que escutei pensei: "nossa, esses caras ou são loucos, ou estão muito drogados, mas até que o som não é ruim.". Aí escutei "O mar" de Dorival Caymmi e me encantei de vez. Percebi que talvez eles não estivessem tão drogados quanto pareciam à primeira vista e fossem apenas gênios incompreendidos. E é exatamente isso que eles são, geniais. Desde que escutei pela segunda vez, viciei. Era todo dia, o dia todo. E então foram aparecendo coisas novas, e eles ficaram lá esquecidos na letra V da minha pasta de discografias... Até que, ao ser atingida "da melhor maneira, como um canhão ou cachaça certeira" por uma dessas pancadas que a gente leva da vida, lembrei imediatamente deles, e voltei a me encantar, da mesma forma de quando ouvi pela segunda vez, há cerca de 2 anos atrás, com o mesmo carinho, e a mesma surpresa ao ver que ainda existem pessoas que conseguem transcender na música, de uma forma simples, mas que te faz pensar em "como ninguém escreveu isso dessa forma até hoje?!". 

"Eu devo ir, não há mais sentido... Nos resta se juntar. Quem sou eu não importa. Nunca importou. O que importa é o que te quebra em duas cidades. O que importa é o que te deixa tão transfuso... O que é a dor eu não entendo, mas sinto apertar de leve o meu peito nas madrugadas, quando estou a navegar...  Faz 40 dias que eu estou no meu barco a vela, não me sinto tão sozinho, eu tenho os meus amigos... Que só aparecem quando eu bebo, que só aparecem quando eu não sou eu... E hoje eu não sou eu..."

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pausa dramática...

"Tá lá o corpo estendido no chão...". E João Bosco com toda sua genialidade nos brinda com um retrato da sociedade brasileira... Todos nós, diariamente, "de frente pro crime" assistindo como espectadores (e por que não pseudocríticos?!) o drama da vida real. Fingimos (ou acreditamos realmente nisso) sofrer pelo drama alheio protegidos pelo muro invisível que separa o real do midiático, sentados na nossa mesa enquanto tomamos um copo de coca-cola e comemos um sanduíche de mortadela. E olha lá o corpo estendido no chão... Não necessariamente um homem precise subir na mesa de um bar e fazer discurso pra vereador... Não necessariamente a baiana precise fazer seu pastel e um bom churrasco de gato... Não necessariamente o camelô precise vender anel, cordão e perfume barato... Mas enquanto o corpo tá estendido no chão, e nós estamos todos assistindo inertes e talvez atônitos a exploração da dor do outro; esse outro que sofre de verdade, que chora de verdade, que sente de verdade; somos movidos por um impulso de querer sempre mais exteriorizar nossa pseudo-dor, torná-la real, torná-la motivada. Diante disso vejo manifestações de "LUTO", vejo redes sociais faturando em acessos de pessoas que, na tentativa infame de sofrer com motivação, procuram saber tanto quanto seja possível acerca da vida daquele corpo sem rosto no chão... E iniciam uma busca incessante de "profiles", de "vídeos", de "fotos"... Como se "conhecer" aquela pessoa, saber seu rosto, identificar gostos em comum, quem sabe uma música favorita em comum... Como se só aquilo fosse fazê-las sofrer de verdade nem que seja por um momento, para que possam enfim tirar o peso dos seus corações de saber (e no fundo sabem) que enquanto o corpo está estendido no chão elas apenas assistem, acostumadas, inertes e talvez atônitas "de frente pro crime". Enquanto isso em algum bar do Brasil estudantes em luto comentam o caso do Rio de Janeiro: "-Que absurdo aquela chacina, hein!? -Nem fale... Garçom, mais uma cerveja e uma dúzia de lambretas, por favor!".



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Musicalidade Nata

Nessa época de Natal, vejo as pessoas felizes e cantantes e me pergunto: Será que a música nasce com a gente ou nos é imposta?
Eu, particularmente (perdoem-me a redundância), sinto uma influência enorme dos gostos de meu pai. Cresci ouvindo MPB. Caetano, Gil, Chico, Bethânia, Gal.. Tropicália corre no sangue. Ou não?! Ouvindo tropicália desde berço, hoje além deles, gosto de coisas do cenário alternativo. Gosto de músicas com conteúdo, com críticas, com uma sonoridade diferente do usual, que não falem apenas de como morrerá sem a pessoa amada. Talvez por influência da falta de lenço e de documento... Talvez por ver que mulheres enganadas querem matar seu amado em plena avenida São João... Talvez por descobrir que nem com açucar e nem com afeto se segura homem em casa, ou quem sabe ainda por querer ver o que ele faz quando ver que sem ele eu passo bem demais... De qualquer forma, não sei se influenciada ou não, sinto um verdadeiro desgosto de músicas melosas demais. Me pergunto do que eu gostaria se do contrário tivesse crescido sem ouvir nenhum tipo de música, se meu "gosto" musical seria o mesmo, se as pessoas que vão crescer ouvindo "aposto um beijo que você me quer" terão salvação ou só infestarão as rádios de músicas melodicamente iguais e pobres de conteúdo. Não sei dizer, ao mesmo tempo conheço filhos de forrozeiros engajados no movimento Heavy Metal... De qualquer forma, por via das dúvidas, tenho as discografias certas separadas para tocar para minha barriga num futuro ainda distante.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Bahia de Todos os Sons...

Muita gente pensa que a Bahia é só axé. Tolo pensamento. A Bahia, assim como de todos os santos é também de todos os sons. Pra isso elaborei essa playlist apenas com músicas Baianas que você provavelmente não conhece, mas que assim como eu vai se encantar!




sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Colorir pra quê?

Estamos, senhoras e senhores, vislumbrando um mundo novo, um mundo colorido, um mundo cheio de alegria, de amor, um mundo cheio de.... Palhaços?! Tá, peguei pesado. Mas é essa a primeira imagem que vem a minha mente quando penso nos "coloridos", lembro de um circo pequeno, calças vermelhas, sapatos amarelos e camisas verdes... Junto a tudo isso um nariz vermelho e uma maquilagem característica. Isso sim era coisa boa... Não que eu seja contra movimentos revolucionários ou movimentos musicais. Pelo contrário, sou particularmente a favor de qualquer coisa que venha acrescentar um pouco de luz nessa nossa realidade sombria. Mas se o escuro cega, o clarão queima as retinas, e é isso que acontece quando vemos aqueles grupos de pseudo palhaços propagadores da luz passeando por aí. Que fique claro que meu problema não é com os coloridos em si, tenho problema com toda essa falta de identidade dos jovens, pois é isso que representa pra mim, um monte de gente que não sabe direito o que é, aí para não se sentirem excluídos da sociedade se inserem em um grupo, para serem aceitos, para serem alguém. Isso é falta de identidade, falta de personalidade. Você não precisa vestir calças vermelhas, fazer chapinha e usar óculos coloridos para ser alguém legal, você só precisa ser legal, ser você mesmo. Claro que se você mesmo for uma pessoa chata demais de se conviver você terá sérios problemas, mas nem isso justifica o fato de querer ser mais um pinto colorido no galinheiro. Não acho que seja nenhum movimento revolucionário, tampouco movimento musical essa onda dos coloridos, ou do emocore, ou do arroxa, ou tantos outros que vemos por aí. São apenas estilos musicais novos, há quem goste, há que não goste, mas isso não faz com que eles sejam qualquer tipo de arma pela revolução, tolo é quem acredita nisso. O movimento Punk foi revolucionário, o movimento Hippie foi revolucionário, a Tropicália foi revolucionária. Coloridos NÃO são revolucionários. Longe disso. Eles apenas nos mostram como nossos jovens estão perdidos, estão influenciáveis e carentes. Qualquer modinha que a mídia lança cola feito chiclete na cabeça da garotada. Essa história de trazer felicidade, de trazer cor ao mundo não passa de desculpa, nunca vi nenhum colorido fazendo boa ação, só vejo falando esquisito, acabando com a língua portuguesa e querendo chamar atenção. Meu pensamento parece meio revoltado, eu sei, o problema é que essas situações me deixam meio indignada. Esse pessoal poderia vestir essas calças coloridas, sapatos esquisitos e camisas chamativas, colocar a maquilagem e ir até hospitais divertir as crianças, aí sim, com certeza esse meu post seria muito mais acolhedor.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um pouco do seu tempo...

Pra falar do meu maior amor... É até uma maldade escrever um post sobre eles... Maroon 5... Parece que quando a gente gosta muito de uma coisa fica tendencioso falar sobre, mas de qualquer forma, vou tentar dizer o porquê de gostar tanto de Maroon... Primeiro de tudo, duas palavras: Adam Levine. O vocal me fascina. Lembro ainda como se fosse ontem quando ouvi This Love... Era trilha sonora de alguma novela global, e ouvi aquele tom de voz e fiquei encantada... Foi então que fui buscar mais músicas, e me encantei por todo o álbum Songs About Jane, e então virei fã de carteirinha. Tá aí uma banda que eu ouço toda a discografia seguidas vezes sem enjoar. Uma mistura de Jazz, com uma pitada de Blues e uma pegada meio Pop... Sem falar do ar de mistério que o Levine passa. Só quem viu o dvd sabe... Na verdade, maroon 5 é uma banda completa musicalmente falando. Arranjos próprios e originais, composições com conteúdo, e uma pegada muito boa, tanto para ouvir na fossa, quanto pra extravazar. O cd songs about jane é mais leve, mais para ouvir parado, relaxando... Enquanto o It Won't Be Soon Before Long é um disco mais pegado... Músicas mais dançantes e com um som mais forte... Existe também o cd de remixes, que conta com a participação de alguns Djs conceituados, o cd Call and Responses... Recomendo, dessa vez, todos os álbuns e todas as músicas, inclusive o albúm Hand all Over, que ainda vai ser lançado agora em setembro, mas não espero nada que deixe a desejar vindo desses rapazes talentosíssimos... 




quinta-feira, 20 de maio de 2010

A fogueira está queimando...

...ao som do Rebolation... Seguindo a sugestão do meu amigo João Victor, resolvi escrever um pouco sobre essa "invasão" do axé, do pagode, do carnaval no nosso São João... Aqui na Bahia existem duas festas especiais, o carnaval e o São João... Há uns 10 anos atrás, quando eu passava o ano todo esperando para soltar fogos, essa diferença era bastante perceptível. Final de maio, bandeirolas apareciam como por magia ligando uma casa à outra, fogueiras começavam a ser armadas, licores vendidos nas portas dos vizinhos mais jeitosos, barracas de fogos abarrotadas de crianças esperando pra ver se conseguiam aquela novidade mais perigosa, e seus pais, fingindo que só ajudavam os filhos quando na verdade aproveitavam pra voltar um pouco aos seus tempos de criança... E como não podia faltar, o Forró... Hoje em dia as coisas estão bem diferentes... Maio está acabando, ainda não vi uma bandeirola sequer, ainda não vi uma cinza de fogueira e nem sei onde vão armar as barracas de fogos esse ano, se é que vão armar... A música que mais tenho ouvido nesses últimos dias é "As meninas de Dolce & Gabanna e os meninos de Lacoste", e pros mais desatentos, não, isso não é forró. Há alguns anos que o São João tem se resumido a comprar camisa de alguma festa do interior, ouvir umas bandas mais famosas junto com alguma banda de axé que nem remotamente traz o clima junino do licor e do doce de jenipapo. O São joão, que era a festa favorita dos rapazes mais tímidos, tem se tornado um carnaval disfarçado, aquilo de aproveitar a deixa e chamar a menina pra dançar é coisa pequena... Não adianta mais saber o velho dois pra lá e dois pra cá... A bola da vez é saber dançar xote. É fazer piruetas e deixar todo mundo impressionado. Não que eu não goste de xote, adoro xote... Adoro as piruetas e as firulas, mas sinto falta também de só dançar junto, sem preocupação em qual vai ser o próximo passo... Isso era São João, muito forró, muito licor, todo mundo dançando juntinho... Hoje em dia o forró é muita cerveja, muita coreografia, axé, e os tímidos, pobres tímidos... Isolados e perdidos com seu dois prá lá dois pra cá... Eu não sou muito a favor de axé no São João... Acho que cada um deveria ficar no seu quadrado. São João com o forró, carnaval com o Axé... E tava tudo do jeito certo... As pessoas estão misturando tanto, que daqui uns dias não saberemos mais o que é carnaval, o que é São João, quando começa um e termina o outro... A fogueira pode até queimar, mas a maioria dos pulos que eu vejo vem logo após colocarem a mão na cabeça para começaaaar...